Este é o primeiro livro independente do autor. O título é uma alusão ao clã, família, grupos sociais etc., remetendo ao destino a que podemos estar “expostos”. O título original da obra era algo parecido a “Versos como quem versa”, mas por orientação da escritora Rita de Cássia Araújo Andrade, a quem o autor deve parte das suas sensações poéticas.

Clã-destino é o resultado de várias impressões, leituras, escritas trabalhadas sob técnicas literárias adquiridas pelo autor. Portanto, o livro é o sumo de aproximadamente dez anos de escrituras, quando várias morreram para destinar as poesias eleitas.

 

Gráfico inconstante

Dizem que o pranto ainda cabe

nos olhos curtos que invadem

a alma a dentro pela garganta

 

e a saudade ainda sabe

percorrer os quadros da paixão

do anseio perspicaz demente

 

Ao poeta uma dor que mente

ao castigo um ardor que sofre

num gráfico que esboce

amor-querido descontente.

 

Usura

Dentro de casa em captura

paga-se usura

acha-se normal

 

Cria-se uma escritura

e vem uma criatura

à procura do real

 

Faz-se uma pintura

impõem usura

e devaneio clerical

 

Povo sem dentadura

e querem pena capital

 

Abre-se a boca em partitura

logo chega uma viatura

cheia de armaduras

ainda com lei amoral

 

Ideologia imoral

homens donos da cultura

recebem usuras

de tantos que usaram

o direito mais banal

 

Faz-se muitos figuras

para cobrar usuras

em doação de ternura

o homem animal.